Banho de Graca

Ontem foi um dia realmente difícil, um dia daqueles. O trabalho estava pegado, trabalhei até as 23:00, e ainda por cima eu moro longe do trabalho. Durante o caminho eu fui pensando no banho quentinho e relaxante que eu tomaria quando chegasse em casa.

O show de Truman e a Religiosidade

Mês passado eu estava passando os canais na televisão e me deparei com esse filme “O Show de Truman”. O show de Truman é um filme de 1998, eu o assisti na época do lançamento e depois nunca mais tinha visto (isso prova que estou ficando velho).

#006 - Jesus e Nicodemos

Daqui para frente Jesus terá uma série de encontros onde seu objetivo principal será expor os corações das pessoas. E ele começa essa série se encontrando com Nicodemos e durante esse encontro Jesus nos ensina sobre o novo nascimento, nascimento esse que vem do Espírito e não da carne.

#005 - Jesus no Templo

Jesus expulsa os mercadores que estavam no templo, fazendo da graça de Deus um comércio. Nem parece que isso foi escrito a dois mil anos atrás. Jesus muda a visão deles de templo e de graça.

Archive for 01/07/2010 - 01/08/2010

Um chamado para a angústia

Nós precisamos não apenas nos preocuparmos com a igreja. Porque se nos preocuparmos logo depois voltaremos aos nossos afazeres. Precisamos ser batizados em angústia pela igreja de Cristo.

15 TESES SOBRE A VERDADEIRA IGREJA - 5


5. Primeiro a igreja tem de encolher, antes que possa crescer.

Vivemos em uma época de coisas MEGA. Mega shopping, Mega eventos, Mega store e etc. Temos a pré disposição de achar que o maior é melhor, e por algumas vezes realmente é. E com essa mesma mentalidade entendemos a igreja de Cristo. Os pastores mais badalados são os das mega-igrejas, os livros mais lidos são aqueles em que o pastor mostra como a sua igreja cresceu. E então, chegam os vários modelos que conhecemos com seus ícones: Rick Warren – Igreja com propósitos; Bill Hybels – Rede ministerial; David (Paul) Yonggi Cho – Igreja na Coréia (A quarta dimensão); César Castellanos – G12; Márcio Valadão – Igreja da Lagoinha. Não estou criticando os modelos, mas será que a nossa visão não está um pouco distorcida? Será que não precisamos repensar a igreja de Cristo?

A maioria das igrejas cristãs simplesmente são grandes demais para realmente proporcionar espaço para comunhão. As comunidades eclesiais do Novo Testamento eram invariavelmente grupos pequenos, com cerca de 15 a 20 pessoas. Elas se desenvolviam em um ambiente familiar, por isso entendiam as casas como o melhor lugar dessa família (igreja) se desenvolver “Saúdem Priscila e Áquila, meus colaboradores em Cristo Jesus... Saúdem também a igreja que se reúne na casa deles” (Rm 16.3-5); “Saúdem os irmãos de Laodicéia, bem como Ninfa e a igreja que se reúne em sua casa.” (Cl 4.15); “... a você Filemom, nosso amado cooperador, à irmã Áfia, a Arquipo, nosso companheiro de lutas, e à igreja que se reúne com você em sua casa” (Fl 1-2).

O crescimento da igreja não acontecia para cima lotando catedrais, mas para os lados pelo crescimento multiplicativo de amplitude. A igreja primitiva entendia que fruto não era simplesmente um novo convertido, mas fruto era uma nova igreja. As igrejas nos lares se subdividiam quando atingiam o limite orgânico de cerca de 15 a 20 pessoas. Para os primeiros cristãos existia uma igreja só na cidade, a igreja de Cristo em Éfeso, Corinto, Colossos e etc. “à igreja de Deus que está em Corinto...” (1Co 1.2); “Paulo, Silvano e Timóteo à igreja dos tessalonicenses, em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo” (1Ts 1.1); “Depois que esta carta for lida entre vocês, façam que também seja lida na igreja dos laodicenses, e que vocês [colossenses] igualmente leiam a carta de Laodicéia” (Cl 4.16).

Esse crescimento multiplicativo pela base possibilitou aos cristãos que também se congregassem para reuniões celebrativas que atingiam a cidade toda “Todos os dias, continuavam a reunir-se no pátio do templo. Partiam o pão em suas casas, e juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração” (At 2.46); Assim, se TODA igreja se reunir e todos falarem em línguas, e entrarem alguns não instruídos ou descrentes, não dirão que vocês estão loucos?” (1Co 14.23). Eles se reuniam de casa em casa e também em reuniões maiores, que aconteciam com menos freqüência, para celebrar com toda igreja que se reunia na cidade.

Por isso, entendo que a igreja em nossos dias precisa primeiro encolher para depois crescer. Isso é tão natural que um enorme número de igrejas tem criado células, pequenos grupos, grupo de comunhão, seja lá qual for o nome, a única diferença é que nesse sistema as células não são entendidas como igrejas, como acontecia na igreja primitiva.

Para a maioria das igrejas significará uma libertação o fato de finalmente poderem ser o que muitas já são numericamente: igrejas nos lares. Não seria muito mais prático orientar-se na direção contrária e tornar-se menores, formar algumas igrejas nos lares e “crescer para baixo”, ao invés de se debater durante anos para crescer em tamanho? Dessa maneira a igreja poderia tornar-se não maior, mas mais numerosa – e exatamente assim atingir, no final das contas, o seu verdadeiro alvo, porque assim mais pessoas poderão ser integradas na igreja.

“A igreja tem de se tornar menor, antes que possa tornar-se significativamente mais forte” Elton Trueblood.

Amazing Grace

Chorei muito ao ver este video, nos mostra o poder transformador da graça do Senhor. Continuemos no Caminho com o Senhor.

10 verdades que pregamos sobre 10 mentiras que praticamos


Certo pastor estava buscando levar a igreja à prática da comunhão e da devoção experimentadas pela igreja primitiva (conforme descrita em Atos dos Apóstolos). Logo recebeu um comunicado de seus superiores: “Estamos preocupados com a forma como você vem conduzindo seu trabalho ministerial. Você foi designado para tomar conta dessa igreja e a fez retroceder, pelo menos, uns 40 anos! O quê está acontecendo?”. O pastor respondeu: “40 anos? Pois então lamento muitíssimo! Minha intenção era fazê-la retroceder uns 2.000!”.

Atualmente temos acompanhado um retrocesso da vivência e prática cristãs. Mas, infelizmente, não é um retrocesso como o da introdução acima. Algumas das verdades cristãs têm sido negadas na prática. Como diz Caio Fábio, muitos de nós somos “crentes teóricos, entretanto, ateus práticos”. Segue-se uma pequena lista dos top 10 das verdades que pregamos (na teoria) acerca das mentiras que vivemos (na prática):

I - “SÓ JESUS SALVA” é o que dizemos crer. Mas o que ouvimos dizer é que só é salvo, salvo mesmo, quem é freqüente à igreja, quem dá o dízimo direitinho, quem toma a santa ceia, quem ganha almas para Jesus, quem fala língua estranha, quem tem unção, quem tem poder, quem é batizado, quem se livrou de todo vício, quem está com a vida no altar (seja lá o que isso signifique), quem fez o Encontro, etc e etc. Resumindo: em nosso conceito de salvação, só é salvo aquele que não me escandaliza.

II - “DIANTE DE DEUS, TODOS OS PECADOS SÃO IGUAIS” é o que dizemos crer. Mas, diante da igreja, o único pecado é fazer sexo fora do casamento. Quando um irmão é pego em adultério, é comum ouvirmos o comentário: “O irmão fulano caiu...”. Ou seja, adultério é visto como uma “queda”. Mas a fofoca que leva a notícia do adultério de ouvido a ouvido é permitida (embora, na Bíblia haja mais referências ao mexeriqueiro do que ao adúltero). Estar com o nome ‘sujo’ no SPC é permitido, embora a Bíblia condene o endividamento. Ser glutão é permitido, a ‘panelinha’ é permitida, sonegar imposto de renda é permitido (embora seja mentira e roubo), comprar produto pirata é permitido (embora seja crime) construir igreja em terreno público é permitido (embora seja invasão).

III - “AUTOFLAGELAÇÃO É SACRIFÍCIO DE TOLO”, é o que dizemos crer. Condenamos o sujeito que faz procissão de joelhos, que sobe escadarias para pagar promessas. Ainda assim praticamos um masoquismo espiritual que se expõe em frases do tipo: “Chora que Deus responde”; “a hora em que seu estômago está doendo mais é a hora em que Deus está recebendo seu jejum”; “quando for orar de madrugada, tem que sair da cama quentinha e ir para o chão gelado”; “tem que pagar o preço”.

IV - “ESPÍRITO DE ADIVINHAÇÃO É DIABÓLICO” é o que dizemos crer, mas vivemos praticando isso nas igrejas, dentro dos templos e durante os cultos!
- Olha só a cara do pastor. Deve ter brigado com a esposa.
- A irmã Fulana não tomou a ceia. Deve estar em pecado.
- Olha o irmão no boteco. Deve estar bebendo...
- Olha só o jeito que a irmã ora. É só para se amostrar...
- Olha a irmã lá pegando carona no carro do irmão. Hum, aí tem...

V - “DEUS USA QUEM ELE QUER” é o que dizemos. Mas também dizemos: Deus não pode usar quem está em pecado; Deus não usa ‘vaso sujo’; “Como é que Deus vai usar uma pessoa cheia de maquiagem, parecendo uma prostituta?”.

VI - “DEUS ABOMINA A IDOLATRIA” dizemos. Mas esquecemos que idolatria é tudo o que se torna o objeto principal de nossa preocupação, lealdade, serviço ou prazer. Como renda, bens, futebol, sexo ou qualquer outra coisa. A questão é: quem ou o quê regula o meu comportamento? Deus ou um substituto? Há até muitas esposas, por exemplo, que oram pela conversão do marido ao ponto disso tornoar-se numa obsessão idolátrica: “Tenho que servir bem a Deus, para ele converter meu marido”; “Não posso deixar de ir a igreja senão Deus não salva meu marido”; “Preciso orar pelo meu marido, jejuar pelo meu marido, fazer campanhas pelo meu marido, deixar de pecar pelo meu marido”. Ou seja, a conversão do marido tornou-se o objetivo final e Deus apenas o meio para alcançar esse objetivo. E isso também é idolatria.

VII - A BÍBLIA É A ÚNICA REGRA DE FÉ E PRÁTICA CRISTÃS
...Eu sei que a Bíblia diz, mas o Estatuto da Igreja rege...
... Eu sei que a Bíblia diz, mas nossa denominação não entende assim
... Eu sei que a Bíblia diz, mas a profeta revelou que é assim que tem que ser
... Eu sei que a Bíblia diz, mas o homem de Deus teve um sonho...
...Eu sei que a Bíblia diz, mas isso é coisa do passado...

VIII - DEUS ME DEU ESTA BENÇÃO!
...mas eu paguei o preço.
...mas eu fiz por onde merecê-la.
...mas não posso dividir com você porque posso estar interferindo na vontade de Deus. Vai que Ele não quer que você tenha... Se você quiser, pague o preço como eu paguei.

IX - NÃO SE DEVE JULGAR PELAS APARÊNCIAS. AS APARÊNCIAS ENGANAM – mas frequentemente nos deixamos levar por elas para emitirmos nossos juízos acerca dos outros. Julgamos pela roupa, pelo corte de cabelo, pelo tamanho da saia, pelo tipo de maquiagem (ou a falta dela), pelo jeito de andar, de falar, pelo aperto de mão, pela procedência. Frequentemente, repito: frequentemente falamos ou ouvimos alguém falar: “Nossa! Como você é diferente do que eu imaginava. Minha primeira impressão era de que você era outro tipo de pessoa”.

X - A SANTIFICAÇÃO É UM PROCESSO DE DENTRO PARA FORA (é o que dizemos) – na prática não basta ser santo, tem que parecer santo. Se a tal ‘santificação’ não se manifestar logo em um comportamento pré-estabelecido, num jeito de falar, andar, vestir e de se comportar é porque o sujeito não se ‘converteu de verdade’

Artigo original no genizah

A PARÁBOLA DO HOMEM QUE CURA


Muitos anos atrás, um bebê nasceu numa pequena cidade mexicana de Hopi. O povo da cidade tinha esperado aquele nascimento com muito interesse, uma vez que o bisavô era irlandês, e a bisavó, negra; o avô era mexicano, e a avó, crioula; o pai era meio-índio, e a mãe, espanhola. O pequeno bebê tinha uma ascendência bastante mestiça e, por conseguinte, uma cor engraçada: uma mistura de branco e ouro, caramelo e café, não sabendo como chamá-lo, seus pais, por fim, lhe deram o nome de Willie. Logo após o nascimento, ele sofreu de pólio e ficou parcialmente paralisado do lado esquerdo.
Willie aprendeu cedo que as crianças podem ser muito cruéis com o que não compreendem. Na escola, riam de sua cor maluca, puxavam seu cabelo de cor ocre e, as vezes, chutavam sua perna coxa. Quando as crianças brincavam de cabo-de-guerra na festa da igreja, os colegas de sua equipe soltavam repentinamente a corda de form que só Willie era arrastado para a poça de lama. Mais tarde, na corrida de carrinho de mão, seu parceiro jogou Willie numa espinheira de pontas muito afiadas.
Naquela noite, a mãe de Willie deu-lhe um banho depois de ter retirado todos os espinhos e esfregou o corpo dolorido com um calmante óleo de babosa. Conforme ele adormecia, a mãe o acariciava com ternura e lhe falava mais uma vez, como fizera tantas vezes antes, sobre o grande El Shaddai e seu amor pelas criancinhas, como elas corriam para ele e nunca o queriam deixar.
Como o grande dia da festa religiosa se aproximava, Willie trabalhou duro em sua tarefa de alimentar Macho, o jumento do vilarejo, para juntar dinheiro. Na noite a festa, ele coxeou ansiosamente para a praça da vila onde todos estavam reunidos para a celebração. Os olhos dançavam enquanto via as barracas de algodão-doce, as belas senhoras em saias rodadas arqueadas, os cavalos do carrossel num sobe e desce, os sombreiros enfeitados dos homens, usados somente uma vez por ano, o palhaço colorido no terno listrado fazendo graça.
Willie estava perambulando, decidindo como gastar suas magras economias (se numa tortilla ou num tamale), quando seus olhos se depararam com uma velha carroça de madeira. Em um letreiro pendurado se lia: “o grande show dos remédios”. Quando Willie cautelosamente se aproximou, de repente o coração subiu pela garganta. Um homem alto, magro, ossudo, apeou da carroça, estendeu seus braços e preparou-se para falar.
Foi quando ele olhou diretamente para Willie. Sua face era castigada pelo sol, mas que olhos! Eles eram tristes, porém tão penetrantes, suaves e amáveis. O coração de Willie lhe disse imediatamente quem era esse homem. “É El Shaddai”, gritou Willie. O homem que cura sorriu. Sua face resplandeceu como um raio de sol e seus olhos dançaram alegremente.
– Aqui, irmãozinho – disse o homem.
Ele deu a Willie uma garrafa cheia de um liquido laranja brilhante.
– Esfregue três gotas sobre o coração toda noite, e coisas maravilhosas aconteceram a você.
Willie mexeu em seu bolso, pronto para oferecer tudo o que tinha por aquela garrafa, mas o homem disse:
– O que recebi gratuitamente, devo dar gratuitamente.
O homem sentou-se na carroça. Willie aproximou-se e timidamente perguntou:
– O conteúdo da garrafa vai endireitar a minha perna torta, senhor, e fazer minhas manchas desaparecerem?
O homem que cura o pegou e sentou sobre os joelhos. Willie agora estava assustado. Ele tinha medo de que o homem, quando visse sua pele de perto, risse como faziam todos os aldeões que o haviam apelidado de “Truta Malhada”.
Willie não estava preparado para o que aconteceria a seguir. O homem abraçou a cabeça do menino ao encontro do próprio coração. Ali estava tão quente e calmo que Willie pensou na lareira da sala da pequena casa onde vivia. Então sentiu gotas de chuva em sua cabeça e levantou os olhos para ver as lagrimas de compaixão caindo dos olhos do homem. Willie pensou imediatamente em sua mãe. Mas, até mesmo por ela, o menino nunca havia sido amado assim antes.
– Irmãozinho, qual é o seu nome?
– Willie.
A cabeça do menino de forma alguma se desgrudava do peito do homem, e ele ainda apertava a garrafa na mão.
– O meu remédio é tão poderoso, Willie, que não somente vai endireitar sua perna, mas endireitará todos os caminhos sinuosos e todos os corações tortuosos. Cada vale de dor será aterrado e cada montanha de orgulho, aplainada, e toda a humanidade verá a salvação de Deus.
Ele tocou o cabelo cor de ocre de Willie e o beijou levemente na testa.
– Você gostaria de compartilhar meu jantar comigo, Willie?
Em toda a sua vida, ninguém jamais havia convidado Willie para jantar. Na verdade, ninguém, a não ser sua mãe e seu pai, o chamara alguma vez para compartilhar coisa alguma. Sentimentos que Willie jamais soubera que existiam brotaram do seu coração. Todos o haviam empurrado para seu isolamento mais e mais profundo. Mas o homem quis compartilhar sua refeição com ele. E Willie partilhava de sua companhia com alegria. Pegou todo o dinheiro do bolso.
– Eu comprarei a sobremesa – anunciou Willie com satisfação. – Sorvete de limão, algodão-doce e biscoitos dente-de-leão!
Os dois comeram com prazer. Willie falou sem parar e o homem o ouviu em silêncio. Willie contou sobre o pai e a mãe, como a escola era dura, como ele desejava ter um amigo. Ele, então, encarou-o firme com seus olhos tristes e suaves, e teve coragem suficiente para perguntar:
– Você seria meu amigo, senhor?
– Eu sou seu amigo – respondeu o homem que cura.
Inesperadamente, uma sensação de frio tomou conta do coração de Willie. Ele nunca tivera um amigo. E se ele não soubesse como ser um amigo? O homem era tão generoso e bom, tão gentil e amoroso. “Com certeza, vou fracassar e ai perderei o único amigo que já tive”, pensou Willie.
– Oh, senhor – o menino pediu em seu medo –, por favor, me diga o que significa ser um amigo! Eu quero tanto aprender.
– Não aflija seu coração, irmãozinho. Eu lhe direi o tipo de amigo que sou e, então, você poderá decidir por si mesmo que tipo gostaria de ser. Willie, se eu lhe disser palavras bonitas, capazes de fazer você se sentir importante, mas não amá-lo, não serei seu amigo. Se eu compartilhar meu conhecimento com você, de forma que compreenda todos os mistérios do universo, mas não amá-lo, não serei de forma alguma seu amigo. Se eu der toda a minha comida para alimentar a sua família e cuidar de todas as suas necessidades, mas não amá-lo, não serei seu amigo.
O homem continuou:
– Irmãozinho, serei sempre paciente com você. Serei sempre gentil com você. Nunca sentirei ciúmes de seus outros amigos. Embora eu seja o único filho de meu pai, nunca tentarei ser superior. Nunca serei esnobe, nem rude. Não vou tirar vantagem de você para conseguir o que quiser. Não me irritarei a toa. Não ficarei chocado quando você me desapontar. Não me alegrarei com os seus erros, mas ficarei feliz quando você for sincero consigo. Não existe limite para o meu perdão, para aminha confiança e esperança em você, para a minha capacidade de suportar todas as provas de amizade em relação a você.
E o homem disse mais:
– Willie, ouça com atenção agora. Nunca trairei sua confiança. As profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará, mas eu não o esquecerei. Jamais deixarei de ser seu amigo. Irmãozinho, talvez sua memória não seja tão boa. Se você esquecer tudo, não esqueça de que há três coisas duradouras na amizade: fé, esperança e amor. E a maior delas é o amor.
Willie ouviu atentamente.
– É tão bonito, senhor – disse, balançando a cabeça. – Mas tenho medo de nunca poder ser um amigo assim. Sou muito fraco, muito feio, muito mal-humorado, muito bobo.
– Por isso lhe dei meu elixir especial, irmãozinho. Esfregue três gotas em sue coração toda noite. A primeira gota chama-se “perdão”, a segunda, “aceitação”, e a terceira, “alegria”. Faça isso e saiba que será abençoado.
Então o homem abriu seu sorriso mais amoroso e partiu. Willie correu, saltou, pulou e dançou durante todo o caminho de casa. Quando chegou, foi para seu quarto, fechou a porta e se ajoelhou ao lado da cama. Abriu a garrafa e começou a esfregar a primeira gota, o perdão para os outros, em seu coração. Era muito doloroso, pois as outras crianças o haviam magoado profundamente.
Mas logo uma coisa maravilhosa aconteceu: Willie tornara-se tão aberto pela amizade do homem que as gotas de liquido laranja não repousaram sobre o peito – na verdade, entraram em seu coração. O que normalmente levaria anos para o Espírito do homem que cura operar num coração comum aconteceu num instante no coração aberto, inocente e transparente de Willie. Toda angústia a respeito de sua perna, das grandes manchas tudo desapareceu. E Willie começou a orar alto:
– Oh, El Shaddai, meu amigo, não me deixe. Você pode pedir qualquer coisa de mim. Tudo o que desejo é você. Apenas ande a meu lado, segurando a minha mão, em razão de nossa amizade e da alegria de estarmos juntos. Mesmo que você me faça passar por uma provação a respeito da cura da minha perna e das grandes manchas, não me importarei. Ficarei contente em ser uma Truta Malhada, se apenas você estiver comigo. Lembro-me do que você disse ser o mais importante. Eu o amo, meu amigo. Faça aquilo que você quiser. Somente não me abandone. E nunca permita que eu o abandone.
Veja, depois que o Espírito do homem que cura entrou no coração de Willie e percorreu seu ser, os olhos foram abertos para perceber quanto a vida seria vazia sem seu amigo. Esse pensamento de tal modo abalou sua mente e intimidou seu coração que Willie nunca mais foi o mesmo. Mas também lhe abriu os olhos para ver que, no fundo de seu coração, ele tinha de fato somente um desejo ardente, não pelas coisas que o novo amigo havia prometido, mas pelo próprio homem que cura.

MANNING, Brennan. Convite à Loucura. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2007.

O que é igreja?

Interessante reflexão sobre o assunto, acredito que nos ajudará muito no entendimento do que é esse tão maravilhoso projeto do Senhor a igreja.

15 TESES SOBRE A VERDADEIRA IGREJA - 4


4. De casas que são igreja para igreja nas casas.

Existem coisas que nos deixam tristes facilmente, a eliminação do Brasil na copa do mundo por exemplo, a perda de um ente querido, quando algumas coisas não acontecem como o esperado, cada um tem as suas razões para se entristecer. Uma das coisas que mais me entristece é quando estou reunido com os irmãos para cultuar e o dirigente, ou qualquer outro, começa dizendo: “Estamos aqui reunidos na casa de Deus”. Você pode estar pensando que isso é uma coisa muito pequena para me deixar tão triste. Talvez fosse pequena se a Bíblia não insistisse tantas vezes que nós somos o templo do Espírito Santo, nós somos a sua casa, nós as pessoas, não um prédio qualquer.

“Vocês não sabem que são santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês?” (1Co 3.16) “Acaso não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo que habita em vocês, que lhes foi dado por Deus, e que vocês não são de si mesmos?” (1Co 6.19) “Que acordo há entre o templo de Deus e os ídolos? Pois somos santuário do Deus vivo. Como disse Deus: Habitarei com eles e entre eles andarei; serei o seu Deus e eles serão meu povo” (2Co 6.16)

O cristianismo é a única religião que fala de um Deus que habita no seu servo, isso não existe em mais nenhuma outra religião. E infelizmente isso tem se perdido com o tempo e, como no judaísmo, mais atenção tem sido voltada para o “templo” e menos para as pessoas. Faça uma retrospectiva na congregação em que você se reúne e veja, em termos financeiros, quanto foi gasto em manutenção, reforma, limpeza e etc. no “templo” e quanto foi gasto em ação social. Não estou generalizando, eu sei que existem comunidades que investem muito mais em pessoas do que em coisas, mas infelizmente são a minoria.

Desde os tempos do Novo Testamento não existe mais algo como a “casa de Deus”. Deus não vive em templos erguidos por mãos humanas “Todavia, o Altíssimo não habita em casas feitas por homens” (At 7.48), “O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há é o Senhor dos céus e da terra, e não habita em santuários feitos por mãos humanas.” (At 17.24). É o povo de Deus que constitui a igreja. Por essa razão, a igreja está em casa, no exato lugar em que as pessoas estão, em casa: nos lares. É ali que os seguidores de Cristo partilham a vida no poder do Espírito de Deus, tomam refeições em conjunto e muitas vezes nem mesmo hesitam vender propriedade particular, repartindo as bênçãos materiais e espirituais com outras pessoas.

É interessante observar que a maioria das igrejas foi fundada como igrejas nos lares – e resultou em casas com forma de igreja. Todo encontro de família nos ensina que certamente é viável manter comunhão estreita sem ser excessivamente estruturado. Na verdade, o excesso de estrutura atrapalha a comunhão. Elas conseguem passar juntas períodos bons mesmo sem um mestre de cerimônias, sem uma palavra de saudação, um hino especial, uma palestra do pai e uma palavra de agradecimento da mãe. A igreja não é uma apresentação artificial, ela faz parte do cotidiano, justamente por ser o “caminho da vida”, um estilo de vida.

Na igreja nos lares os irmãos instruem-se como se inserir melhor, enquanto ser humano, nas leis de Deus em meio à vida prática – e não por meio de palestras professorais, mas de modo dinâmico, no estilo pergunta e resposta, numa conversa. É ali que oram, batizam e profetizam uns aos outros. É ali que podem deixar cair a máscara e até confessar pecados, porque conquistam uma nova identidade coletiva pelo fato de se amarem mutuamente, apesar de se conhecerem e constantemente tornarem a se perdoar. Você consegue imaginar isso acontecendo na estrutura atual?

Calma, não me critiquem ainda. Eu não acredito que uma simples mudança de estrutura vai mudar o coração de alguém. Eu sei que a mudança está no nosso coração e não no exterior. Eu não estou aqui simplesmente criticando a estrutura atual de denominações e etc. Mas estou tentando aprender como os irmãos viviam, estou tentando aprender o que é ser igreja. Porque percebo, e acredito que todos percebem, que existe um abismo eclesial, a igreja sobre a qual pregamos é muito diferente da igreja para a qual pregamos. Estou tentando ultrapassar esse abismo. Eu sonho com uma igreja simples, que não precisa de muito dinheiro e que acontece no dia-a-dia das pessoas, e entendo que a melhor forma disso acontecer é a igreja voltar para os lares, que é o lugar de onde nunca deveria ter saído. Se os discípulos que viveram com Jesus, quando começaram a se reunir se reuniam nas casas, e pelo que parece, não tinham interesse em construir um prédio, deve ser porque alguma coisa de bom tinha nisso.

Se existe algo que a história da igreja deixa bem claro, é o seguinte: o caminho da religião organizada até o institucionalismo – e de lá para a esclerose da fé – é muito curto.