Por Avelar Jr
Conheço um genuíno servo de Cristo. Uma pessoa que realmente se preocupa com as coisas de Deus e com a vontade dele em sua vida. Conversamos bastante. Ele havia sido muito religioso, fanático, bem visto em seu meio, prestigiado e popular —um líder. O problema é que o meio que o acolhia tão bem era fanático, herético, frenético, ávido por novidades e estrelas ministeriais e despido de conhecimento de Deus e de sua palavra. Eles se moldavam um ao outro: cegos guiados por cegos andando para o abismo.
Com o tempo, Deus abriu seus olhos. Ele percebeu que estava num pedestal de glória humana, cheio de religião e sensações mas vazio de verdade. Vestiram-lhe a fantasia de super-herói. E ele se deixou vestir e dominar pelo personagem, pela máscara e pela canção da roda. Ao contemplar a verdade, sua atitude mudou. Tornou-se discípulo, aprendiz e encontrou seu lugar de servo.
Findaram-se sua liderança, seu programa de rádio, seu sucesso ministerial. Pagaram-lhe com preconceito, ingratidão, incompreensão e ostracismo. Mas que importa? O Dia das Bruxas passou! Deus mudou-o de sua máscara e de seus trajes espalhafatosos que faziam a alegria dos meninos em uma completa novidade de vida, nunca antes experimentada. E o que antes era noite de “gostosuras e travessuras” deu lugar à dura carteira do discipulado diário do Mestre Jesus.
E ele às vezes se sentia triste e se perguntava: Onde está aquele calor que eu sentia? Onde as emoções arrebatadoras? Por que tudo parece tão frio e distante? Os aplausos, os cumprimentos, o assédio, a euforia, os folguedos... Num momento tudo se calou na simplicidade e na calmaria do úmido alvorecer.
Começar cada manhã parecia trabalhoso (— Só mais cinco minutos, por favor!). Agora levantava sozinho para ir à escola. E já não tinha mais consigo aqueles cuja noite de Dia das Bruxas não tem fim, que se contentavam em brincar com suas fantasias, com suas roupas de mentiras, esperando ganhar doces por se vestirem delas.
Mas ele sabia que, embora fosse difícil acreditar, não estava só. Pois seu Mestre lhe sorria no oculto e lhe oferecia um pouco de sua companhia em cada momento, em cada brisa, em cada canto de pássaro, em cada nota musical, mesmo no silêncio; na brisa refrescante e em cada flor que coloria e perfumava o caminho. Era difícil se desembriagar, se desacostumar, quando tudo agora parecia tão simples e tão diferente, tão menos óbvio. Era triste não sentir o sabor daquilo que parecia doce mas que era apenas uma brincadeira de menino.
Estava acostumado a pensar que vivia a mil por hora quando, na verdade, nunca havia saído do lugar. Enxergar e deixar de brincadeira faz mesmo muita diferença.
Original Púlpito Cristão
Escrito por Rodrigo Rezende em
discipulado,
religiosidade
Deixando de brincadeira
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- Rodrigo Rezende
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