Cinismo, de acordo com o dicionário é o “personagem-tipo que representa o individuo sem escrúpulos, hipócrita, sarcástico e oportunista”. Essa definição está ligada ao teatro, que acredito ser a melhor representação do cenário evangélico atual. Nunca se foi tão cínico quanto hoje. Então vamos começar o show.
Respeitável público (não sei se é tão respeitável assim), no palco central, o grande, o inigualável, o maior de todos..... o cínico (EU).
Temos representado todos os dias, de uma maneira bem tosca, o papel do discípulo de Cristo, mas não passamos de hipócritas. Citamos a Bíblia, lemos teologia, flertamos com as ideias, mas nunca nos comprometemos. Quando falo de compromisso não estou falando de frequência, ou de ministérios, ou de doação financeira, muito menos de cargos. Eu falo de relacionamento com o Senhor, relacionamento esse, que gera em nós ação.
Assistimos todos os dias os noticiários, ouvimos e vemos desgraças na África, no Japão, nos sentimos mal, às vezes até choramos, mas cinicamente, sem escrúpulos nenhum, mudamos de canal e continuamos representando o papel do discípulo de Jesus.
Muito pior, no palco da vida, da nossa cidade, vemos injustiças, pessoas morrendo de fome e continuamos caminhando, como se não fosse comigo. Discutimos teologia, brigamos com os próprios irmãos por questões, para não dizer outra palavra, esdruxulas, enquanto, cinicamente, continuamos achando que estamos fazendo a vontade de Deus.
O pior de tudo é achar que estamos enganando a plateia com essa representação tosca, quando na verdade, os únicos enganados, os únicos que acreditam nesse teatro somos nós mesmos.
Estou lembrando da história de João Marcos. Nasceu num lar cristão, a igreja se reunia na casa da sua mãe, era primo de Barnabé um homem cheio do Espírito Santo e um dos grandes lideres da igreja. Ele quis viver essa vida, de líder da igreja, ser ensinado aos pés de Barnabé e Saulo, mas na verdade não passava de um grande cínico, curtia as ideias, mas não amava ao Senhor. Quando a coisa apertou ele deu no pé. Tornou-se o motivo da discórdia entre Paulo e Barnabé. Um grandessíssimo cínico como eu e você.
Mas em um momento da sua vida isso mudou, ele desceu do palco de si mesmo, desceu do palco da religiosidade, e começou a caminhar com o Senhor, começou a sonhar não com o palco ou com a plateia, mas com o Senhor e em 2Tm 4.11 Paulo diz: “Traga Marcos com você, porque ele me é muito útil para o ministério”.
Quando é que vamos parar de sonhar com o palco, com a plateia, com os shows e vamos nos voltar ao amor?
Primeiro, como qualquer viciado, precisamos reconhecer que somos cínicos, viciados em representar, para ai sim podermos ser tratados pelo Senhor.
Depois precisamos descer do palco de nós mesmos, sair pela porta do teatro, nos encontrar com o Senhor, dar a mão a ele, e caminharmos em amor com o mestre.
E, durante o caminho, nos sonos da jornada, sonharemos, junto com o mestre, os seus sonhos e realizaremos aquilo que ele quer, e não mais aquilo que queremos.
Do cinismo aos sonhos não existe uma ponte, mas sim um vale. Existe uma descida e uma subida de mãos dadas com o mestre. O caminho por muitas vezes é pedregoso, difícil, a subida cansa, mas a companhia vale todo o esforço.
Que possamos sair juntos do palco do cinismo, de mãos dadas com o mestre da vida, para a jornada de sonhos, onde não existe mais representação, mas o amor, onde o que se vê não é tão agradável, mas é verdadeiro, onde ferimos e pedimos perdão, onde somos perdoados e partimos o pão, onde enxergamos as nossas mazelas, nossas debilidades, mas somos amados, adotados e chamados pelo nome.
Acorde igreja, existe um reino a ser construído e uma pregação que precisa ser vivida.
Por seu Reino
Rodrigo Rezende
Olá Rodrigo, gostei muito do seu post. Principalmente a conclusão, "Do cinismo aos sonhos não existe uma ponte, mas sim um vale. Existe uma descida e uma subida de mãos dadas com o mestre. O caminho por muitas vezes é pedregoso, difícil, a subida cansa, mas a companhia vale todo o esforço." Relamente precisamos descer até o vale e olhar para o céu de onde vem o nosso socorro. A sociedade está muito confortável em sua situação, digo isso por mim, preciso também sair desse teatro de representação, desse círculo vícioso que nos mantém ocupados buscando o sucesso e a satisfação pessoal. Aos pés do Senhor é o melhor que podemos estar... Agradeço suas palavras! Abraços.