NÃO MEXAM NO MEU QUARTERÃO!


Essa semana eu assisti a uma nova propagando do McDonalds onde era apresentado um de seus sanduiches mais antigos, o quarterão. A propaganda é bem interessante, se você ainda não viu veja (aqui). Mas o que mais me chamou atenção é como essa propaganda se parece com a visão de muitos na igreja hoje em dia.

A ideia da propaganda é que tudo mudou, música mudou, palavra mudou, pai mudou, mas NÃO MEXAM NO MEU QUARTERÃO. Fazendo um paralelo com a visão de muitos hoje, a propaganda seria assim: “Cabelo mudou, óculos mudou, palavra mudou, pai mudou, mas NÃO MEXAM NA MINHA IGREJA”.

Muitos vivem entendendo que o seu chamado é a manutenção da estrutura da igreja do jeito que eles conheceram. E se, durante toda a vida deles, a igreja não mudar em nada eles se sentam rejubilosos com um sorriso no rosto e o sentimento de dever cumprido.

Eu não estou falando só das igrejas históricas, existem muitas igrejas novas que já assumiram os seus tradicionalismos, mesmo sem cara de tradicionalismos, e lutam com unhas e dentes pela manutenção de suas estruturas, por mais descoladas que pareçam.

Certa vez escutei uma definição de tradicionalismo e tradição muito interessante: “Tradição é a fé viva dos que morreram, e o tradicionalismo é a fé morta dos que vivem” (Jaroslav Pelikan). Ou seja, devemos sim manter a tradição bíblica, dos apóstolos, não podemos nem devemos mudar nada daquilo que nos foi revelado na Palavra. Mas aquelas coisas que fazemos e que não foram claramente descritas na Palavra podemos sim mudar, afinal o mundo está em constante mudança.

“Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês. Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Rm 12.1-2)

Devemos estar preparados para não nos amoldarmos pelo padrão do mundo, porque o nosso padrão é o Senhor e a sua Palavra, mas precisamos renovar a nossa mente para que, conhecendo o nosso tempo, possamos comunicar as verdades eternas de maneira relevante.

Não é interessante perceber que não existe meio versículo na Palavra que mostra como era a liturgia da igreja primitiva, acredito que foi de propósito que o Senhor omitiu isso, se não estaríamos fazendo igual eles fizeram até hoje. Essa omissão é porque o Senhor sabia das mudanças que aconteceriam no mundo e não queria que uma liturgia engessada fosse empecilho para o crescimento do evangelho.

“Ninguém põe vinho novo em odres velhos, pois o vinho novo romperá os odres; entornar-se-á o vinho, e os odres se estragarão. Pelo contrário, vinho novo deve ser posto em odres novos e ambos se conservam. E ninguém, tendo bebido o vinho velho, prefere o novo; porque diz: o velho é excelente.” (Lc 5.37-39)

O vinho novo ainda está em fermentação, continua em expansão, o odre velho já dilatou tudo o que tinha para dilatar, então, quando se coloca vinho novo em odre velho ele expande e se rompe. O Senhor Jesus estava ilustrando a mentalidade dos fariseus e escribas, que já tinham desenvolvido um sistema em suas cabeças e nada poderia fugir a esse sistema pré-definido porque não tinha mais para onde expandir.

O evangelho do Senhor é o vinho novo, em constante expansão, mas que nunca perde sua essência, e só pode ser compreendido por odres novos, o que não está ligado à idade cronológica, mas sim a uma mente renovada no Senhor.

Se a igreja são aqueles que creram no evangelho do Senhor Jesus, e essas pessoas estão mudando, a igreja também muda, a forma muda, não o conteúdo.

Que possamos renovar a nossa mente dia após dia no Senhor e desfrutar do vinho novo em nossas vidas.

Por seu Reino de mudanças!

Rodrigo Rezende

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